segunda-feira, 23 de março de 2009

O causo da capivara

Não adianta negar. Beijar na boca aqui no lago faz parte da reabilitação (afetiva, emocional, amorosa, sexual, etc). Nessa internação, a cousa tá braba. De todos pacientes, apenas dois meninos fazem o meu tipo. Um deles tem namorada. Seguindo a premissa do não faça com os outros o que não gostaria que fizessem com você, eu não vou atacar o moleque. O outro rapaz, já tentei me aproximar inúmeras vezes, mas a criatura foge de mim como o diabo foge da cruz. Okay. Faz tempo que eu aprendi a perder, e também não estou tão desesperada assim.
Numa noite dessas, estava uma tchurma na varanda observando algo. Me aproximei pra ver o que era. Uma capivara tava curtindo o clima aconchegante do lago. Ela tava ali, na berinha da água, viajando, sem se importar com os olhares curiosos que lhes eram direcionados.
Conversa vai, conversa vem, a tchurma dispersou, a capivara foi pra mais perto da água. Mais um tempinho se passa e eu resolvo brincar de 'sem as mãos'. É uma das maneiras de se obter diversão e adrenalina na cadeira. Desci a lomba que levava até onde a caipivara estava. Só que a sequela aqui esqueceu da capivara... E quando eu tava quase chegando na parte plana, vi o bicho. Gritei 'aaaah, uma capivara!"
A porra do bicho, deu um urro. Nessa hora senti o coração desparar e imaginei a maldita capivara me dando uma falatit e derrubando da cadeira. Pus as mãos nos olhos pra não ver. Na sequencia do urro, o bicho se tocou na água. Tudo em fração de segundos.
Mais, tarde, recuperada do trauma brinquei que ia mudar o foco, já que nenhum dos moleques queria nada comigo, eu ia investir na capivara. O Sid, aleijado mais engraçado que conheço debochou, 'nem a capivara te quer!'
"Uuuuh!""Tublush!"

segunda-feira, 16 de março de 2009

As mil e uma noites na Rede Sarah

Tenho escutado tantas histórias por aqui. Tantas, mas tantas que dariam uma obra semelhante ao clássico da literatura persa. Mas, ao invés de serem contadas por Sherazade, os causos vem dos diversos pacientes e seus acompanhantes, que assim como eu, tem muita história pra contar.
Faz quatro anos que venho pro sarah, mas nessa internação, em especial, conheci pessoas com tragetórias de vida realmente doloridas.
Conheci um rapaz do lesado cerebral que lá pelos 17 anos foi numa festa a fantasia vestido de xeque. O infeliz foi dar uma mijada num barranco, pisou na capa, escorregou e teve traumatismo craniano. Dez meses depois da tragédia, o irmão do guri sofreu um acidente de carro e ficou tetra. Foda pra caralho.
Tem também um moleque de 20 anos que é jogador de futebol do Pelotas. Ele tava voltando pra casa, e um policial confundiu o carro dele com o dum assaltante que acabara de roubar uma farmácia. O tiro pegou na coluna e faz quatro meses que ele parou de jogar bola.
Conheci uma paulista muito gente fina. Ela tava internada com os dois filhos pequenos. Depois de uma discussão com o marido, ela saiu de carro com os meninos. O pneu de tras do corsinha estourou e eles capotaram diversas vezes até o carro parar de pé. Ela ficou ilesa, mas os meninos não estavam no carro. Os dois voaram pela janela e cairam numas valetas na beira da estrada. Na sequencia da capotagem, um outro carro bateu no corsa cuja roda parou a centimetros da cabeça do filho mais novo. Os dois tiveram lesão cerebral. Ficaram na UTI por um fio. Os DOIS filhos. Pataqueparéu. Graças a deus e ao empenho da mamãe, eles estão cada vez melhores, se recuperando muito bem.
Tem a história também dum guri de minas que foi pular na piscina e quebrou o pescoço. O pai dele é quem acompanha, cuida, faz tudo. Até aí, conheço muita gente que ficou tetra assim, e que tem pai presente, mas o fato é muito tempo antes, no primeiro casamento, o pai desse moleque perdeu a esposa e um filho de apenas 11 anos. Gente, o homi enterrou sua família e agora cuida do único filho tetra.
E tem mais muita história cabeluda por vir. O mais incrível, é que essa galera toda tá sempre com um sorriso na cara, tem sempre uma piada pra contar da situação. Tem forças sei lá eu de onde, pra seguir tocando a vida.
A sensação que tenho é que cada uma dessas histórias dava um filme. Um puta filme, com exemplos de tragédia e superação. É muito louco ter todos os protagonistas reunidos, aqui, no lago.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Mil coisas

Fazia dias que eu não arranjava tempo de escrever... entao, varias cousas pra dividir.
Por partes, como nosso amigo jack:
1000. minha grande amiga mary alice que mora na alemanha passou uma temporada no brasil. Veio com o namorado, futuro marido. Tenho que arranjar grana pra ir no casorio ano que vem nas 'zoropa'. Bueno, o cara nasceu na romenia e mora na alemanha desde os seis anos de idade. A gente falava so em ingles pra que o rapaz pudesse ficar integrado. Usei afu meu indian inglhish. Fiquei feliz porque mesmo com meu vocabulário tosco, conjugacoes verbais inexistentes e sotaque indiano consegui fazer piadas. Isso me levou a conclusao de que o humor e algo universal. Se eu brasileira faço uma piada com ingles asiatico e um cara romeno que vive na alemnaha entende e ri, a comedia so pode ser algo universal.
2000. fiz uma noite muito divertida e engracada quinta passada. O famoso ladies nights que reune a muguegada da facul. pouco antes de eu chegar as gurias estavam com frio e pediram pro garcon desligar o ventilador e ele disse que nao podia, etc.
Caipirinha vai, caipirinha vem, escondidinho de camarao vai... chamei o garcao e larguei um convincente: 'moço, eu tenho uma doena e nao posso pegar vento'. Funcionou. As gurias contiveram ao maximo o riso e eu quase cai na gargalhada assim que o cara virou as costas.
Bueno, encontramos um outro amigo da facul que sentou numa mesa proxima com um parceiro que tava de gravata. Escrevi um bilhetinho: amigo de gravata, hoje e quinta ja passa das onze e tu com essa gravata, pelo amor de deus, tira essa gravata, ela lembra trabalho e a gente quer beber!
O bilhetinho chegou no rapaz que deu uma risadinha e prontamente tirou a porra da gravata. Em seguida, sinalizou que tinha outro cara engravatado. fiz outro bilhetinho no mesmo estilo. A mesa do cara tava super cheia e o papelucho circulou por todos os integrantes que inicaram um coro: 'tira, tira, tira'.
Nao é que o filho da puta nao tirou!!!
Mais uma caipirinha, mandei outro bilhete: ‘sera que ele transa de meia:’
Ai, deixa picando que nois chuta.
3000. fui no laika sabado, com a mesma tchura de quinta. Como aquele inferninho tem um banheiro maldito e com a porta estreita levei duas cangas pra fazer uma cabaninha na hora do cate. Bueno, a festa tava suuuper divertida, vi um gostoso e com martini na cabeça cheia de atitude perguntei ‘ta solteiro’, o lindo, estendeu as duas maos mostrando que nao tinha aliança. Ja sentou pertinho, e eu entrei de sola. Ai, o guri queria filosofar sobre o que era o beijo. Pelamordedeus, falei que nao gostava de filosofar. E deu certo.
Depois a louca (o gostoso e nao eu) pegou umas duas bichas. Ui! Noite louca!
La pelo meio da madruga, precisava fazer o cati. Eu ainda nao tava preparada psicologicamente pra montar a tendinha do xixi. Fomos na missao impossivel botar o aleijado dentro do banheiro. A entrada do troço era muuuito estreita e o jeito foi tirar as duas rodas grandes da cadeira e entrar estilo carrinho de mao, depois recolocar as rodas. Dei um mijao publico enquanto uma mulher dura de trago tinha um momento te considero e dizia que aquilo (minhas amigas me ajudando a mijar) era a maior prova de amizada que exisitia, hic!
Depois de mais festa, nova iminencia de urina. Dessa vez eu tava apta a encarar as cangas. Fomos pro hall do pico, as gurias fizeram a cabaninha e enxi uma garrafa plastica que achei por ali.
4000. estou no sarah, eeee! Agora to escrevendo no meu computer, na varanda, as margens do paranoa e mais tarde vou postar essa joça. Reencontrei o sid e o iguinho, aleijados gente finissima e estou conhecendo outros muito legais tambem. tem um guri do lesado cerebral que é muito azarado. O guri foi numa festa a fantasia de xeque, foi mijar num barranco e quando estava descendo escorregou na capa e bateu a cabeça. Pata que pareu...
to cheia de ideias na cabeça, vamos ver se da pra fazer um doc e mais uma parodia de clipe de musica brega. Mui feliz, ainda com o sono atrasado da semana. Trabalhei que nem um cavalo pra deixar os programas prontos pra poder viajar. Bom demais estar aqui como sempre.

sexta-feira, 6 de março de 2009