quarta-feira, 29 de setembro de 2010

A mulher dos efes e otras cositas más

Fumando um cigarrinho com minha amiga Mimi e falando sobre os 'poblema' da vida, chegamos a conclusão que na atual conjuntura eu sou "a mulher dos efes" (a letra F no plural mesmo). Fina, famosa e falida. Fina porque a vida de pseudo escritora tem suas benesses (na sequência narro um exemplo), famosa porque até no Donna Fashion eu desfilei (hahaha), uma amiga que é estilista participou do evento de moda e como ela fez seu tcc sobre moda inclusiva e adora fazer roupas liiindas pra quebradinhas, me convidou pra participar. Meninas, ela tem o dom, bom gosto mesmo e estudou nossas especificidades, então a roupa é perfeita! Dá uma olhada na coleção e na desenvoltura do aleijado na passarela: A coleção de Vitória Cuervo e Vitória Cuervo emociona no Donna Fashion Iguatemi. Finalmente, o F de Falida porque nunca estive tão quebrada em toda minha vida de adulta que paga as próprias contas. Meses gastando mais do que eu ganho resultaram num rombo bancário incrível. Comecei a missão "saindo do buraco" com a ajuda da mana Vivi, organizando os números que eu simplesmente ignorei nos últimos anos e tomando ciência de quanto ganho e quanto gasto. Sim, é um problema antigo a desorganização financeira, mas estou melhorando. Enquanto isso a crise das cifras rende histórias hilárias.

Por partes como nosso amigo Jack.
Vou começar pelas benesses da vida de pseudo escritora.
Dias atrás fui pra SP com tudo pago participar de uma feira muito massa chamada Equipotel. Quem me convidou/patrocinou foi a Arco, empresa de sinalização universal, que está trazendo para o Brasil um produto de acessibilidade muuuuuito foda: o profilo Smart. Design italiano, funcionalidade total e uma versatilidade incrível. Além de fazer fotos demonstrando o produto, autografei na feira e tal. Bueno, fiquei num hotel e conheci uma pessoa sensacional, a Sonia, representante de vendas internacional do profilo. A mulher nasceu na Tunísia, cresceu na França, casou nos States e hoje mora na Itália. A Sonia é definitivamente uma pessoa incrível, poliglota, humilde, querida e com ambições semelhantes às minhas: quer se tornar um ser humano melhor. Na feira, encontramos minha querida amiga Jenny, que recém se mudou pra SP, a empatia entre nós três é uma coisa inexplicável e foi uma tarde agradabilíssima.

Jenny, Sonia e Ju

No dia seguinte, feira de novo. Conheci alguns arquitetos que estavam com um ambiente na EquipDesign que contava com o profilo e um deles, o Flávio, tinha lido meu livro. Ficamos super amigos e eles falaram para aparecer no coquetel da Racco quando no final da tarde. Maratona de feira encerrada, fomos Frederico, Sonia e eu tomar champa por conta da empresa que fabrica lindas louças. Sei lá se foi pouca comida, mas o espumante pegou... Começamos a tirar fotos e alguém disse para eu tirar uma foto dando selinho no meu novo amigo arquiteto. Bêbado é foda, tu manda, ele faz. E às vezes vai além. Sei que tem várias fotos na câmera da Sonia da louca aqui dando uns beijões no cara. Com o batom borrado, bebaça, fui levada para hotel pelo Fred e a Sonia. No caminho me senti enjoada, sempre falando com meu precário inglês (a Sonia ainda não fala português), pedi uma sacola com urgência. Fred alcançou o lixinho do carro e eu vomitei. Chegando no hotel, os dois me colocaram na cama, o saco de batata aqui não tinha condição nem de fazer uma transferência. Eterna teenager, tsc, tsc. O Fred paga minha ida pra eu pagar bafão no evento agarrada num arquiteto, vomitar no lixo do seu carro e ele ainda ter que por a criança pra dormir... No dia seguinte, descobri que perdi meu celular no trago e quando me despedi do Fred ele disse: 'tchau, moleca!' Como o homem já tinha lido meu livro, disse que não ficou chocado e isso não atrapalhou nossos negócios. Vou fazer assessoria de imprensa pro Profilo e talz.

Ainda em SP. Do hotel, segui para casa do meu amado amigo Sidiiiiiii, o George Clooney aleijado. Passei o dia maaaaal, ressacão fudido. Sidi achou um camarão velho, a maconha devia estar guardada há uns dez anos. Fissura é foda, ele fechou e fumou. Não tinha condições físicas de dar uns pegas então só observei. Continuamos fofocando, falando da vida enquanto Sidi Maria organizava a casa. Ele estava dobrando roupas quando a erva começou a dar o brilho e de repente pegou um pulôver ridiculamente pequeno para um homem de 56 anos. Sabe quando tu lava roupa de lã e põe no sol, dai ela encolhe e fica perfeita para uma criança de 5 anos? E isso aconteceu com dois blusões dele. Nem precisei fumar pra quase me cagar de rir. Tinha que ver a cara do hômi segurando o mini pulôver.

Dia seguinte, emocionante. Madame e Iguinho nos pegaram na casa do Sidiiii e fomos para Porto Feliz pro casamento do nosso amigo cadeirante Tatá. O comandante Tales caiu de helicóptero há quatro anos e ficou paraplégico. A noiva Bia estava liiiiiiinda demais e eu chorei horrores ao ver o Tatá entrando todo esticado na sua cadeirinha. Foi o primeiro casório de quebrado que eu fui e foi inevitável imaginar o meu se algum dia eu casar. Cerimônia linda, festa perfeita, comida maravilhosa. Depois do bundalelê, dormimos os quatro na chacrinha da família do Tatá e no day after teria churrasco. Não sei se foi o carpaccio, ou o creme de camarão ou a mistura de todas as delícias, mas acordei e fui fazer um cate e quando vi, tinha produzido um creme de pé de múmia com sopa de lixo. Se cagar nas calças já é humilhante, imagina quando isso acontece fora de casa, depois de um casamento fino, quando tu está num lugar com um monte de gente que tu mal conhece. Como perdi meu celular gritei pela Madame. Aliás, a Madame vai pro céu e vamos fazer um busto em sua homenagem. Imagina uma mulher pequena montando e desmontando três cadeiras. Sim, porque ela era a única andante do quarteto. Teve que ajeitar todas as cadeiras no carro pra viagem. Na igreja, tinha uma rampa mega íngreme. Na saída do casório só ficou ela pra descer os quebrados. Como Madame não se mixa, tirou o salto e usou os tríceps pra descer um por um dos três... E, no momento fatídico do terrível acidente gastrointestinal, lá foi a Madame me ajudar.

Sobre as histórias hilárias que a crise financeira rende, parte 1.
Perdi meu celular numa quinta, no trago em SP. Só consegui comprar outro na terça, já em Porto Alegre. Fui no Barra com minha mana Vivi, um dos poucos lugares que ainda tem uma loja da TIM. Cheguei lá e escolhi um da LG que tava em promoçã, mas mesmo assim era caro. Vai entender porque uma pessoa que está sem dinheiro escolhe um aparelho caro... chama o psiquiatra. Bueno, depois de meia hora de trâmites, fui pagar a porra do celular com o cartão de débito do HSBC (ia usar o resto do cheque especial que me restava) e a maquininha não aceitou a transação. Tentei passar mais umas três vezes e nada. Não tinha crédito. Pedi licença e fui no caixa do banrisul que tinha ali no shopping pra sacar mais uma reba de dinheiro, os últimos reais que eu tinha de crédito no cheque especial desse banco. Dava pra pagar metade do celular com o que saquei. Voltei pra loja e tentei passar metade no débito do HSBC e ia pagar a outra metade em dinheiro. Igual não deu pra passar o cartão. Umilhada, com U mesmo, que pobre não tem acesso ao português correto (isso foi bem preconceituoso, hein?) tive que escolher o aparelho mais barato da loja, que custava metade do LG e daria pra pagar com o dinheiro que eu tinha sacado.
Eu estava esperando pra fazer a troca quando um cara que também estava na loja me abordou. Delicadamente ele perguntou o que tinha acontecido, porque eu havia trocado de aparelho. Disse a verdade: meu cartão não passou, acho que estou falida. Nisso, numa atitude que a gente só costuma ver em filmes ele falou: deixa eu pagar a diferença pra ti. Num misto de vergonha e nervosismo me deu uma crise de riso. E, mostrando o piano, falei que não, que bem capaz. O gentil moço, que se chama Sinue Zardo (é preparador físico, foi jogador de futebol e estava indo pra Corea para morar e trabalhar lá no dia seguinte) insistiu. Ainda rindo disse que não de novo, que imagina, que como eu ia pagá-lo se ele estava indo pra Corea. Nisso, a vendedora da Tim, que acompanhava a cena de camarote com sorriso de Monalisa na cara, não se segurou e intercedeu: 'aceita!'. O embate entre Sinue e eu, deixa eu pagar, não deixo durou mais alguns minutos. A Vivi, que foi na parceria comigo e já estava louca de tanto esperar ia ter um colapso se aquela punheta demorasse mais algum tempo. Cedi ao apelo da gentileza e aceitei, sempre sem conseguir parar de rir, mas peguei a conta dele pra depositar assim que recebesse meu salário. Trocamos cartões e já alguns e-mails e posso dizer que tenho um novo amigo que me proporcionou uma das cenas mais surreais dos últimos tempos, coisa de filme mesmo.

Sobre as histórias hilárias que a crise financeira rende, parte 2.
Tenho que trocar de carro urgentemente, manter o Passatão custa muito caro. O motor 2.0 turbo toma mais gasolina do que eu consigo ingerir de tequila numa noite, trocar qualquer peça custa uma fortuna, o seguro é caro pra cacete (motivo pelo qual eu não fiz seguro...) e assim vai. Tempos atrás, num momento único de manetice, consegui descolar a saia (aquela parte que vai embaixo do para-choque) do Passatão. Sem dinheiro pra arrumar, um colega da AL deu uma enjambrada e assim a coisa ficou. Ontem pela manhã, em novo momento de manetice acho que estraguei a enjambrada, mas não deu pra perceber. À noite, tinha o vernissage da Show Lux, onde minha mãe que é ceramista estava com uma luminária. Não pude ficar no evento porque não tinha uma porcaria de garagem perto e não tenho seguro... Deixamos mami lá e a Vivi e eu estávamos voltando pra casa quando um barulho bizarro nos apavorou. A porra da saia soltou de novo e estava arrastando no chão. Quase sem gasolina, perdida na zona norte e varrendo a cidade, fomos em busca de um posto. A Vivi, nessa altura já chorava de rir da situação e comparou o passatão àqueles caminhões varre tudo, sabe? Paramos pra pedir informação e descobrir onde era o posto mais rápido. A pessoa que nos deu as coordenadas, tomou um choque quando viu o estado da frente do carro e largou "bah, tem uma coisa pendurada aqui!"
Seguimos caminho, varrendo a cidade com um barulho super agradável de destruição da peça pendurada. Na esquina da Cristovão, onde deveríamos dobrar, no chão à nossa frente tinha (não sei porque cargas d'água) um potão de frango fechado. Veio o primeiro carro e atropelou o bagulho, o segundo, terceiro e o pote saltava despedaçado. A Vivi, quase colapsando de rir. Dobrei a esquina e o varre varre foi arrastando o que sobrou do pote até o posto mais próximo, graças a deus, bem próximo.
A cara do frentista era algo. Chega um passatão com a frente caindo aos pedaços e a motorista além de pedir ajuda pra tentar arrumar o estrago pede pra por míseros dez pilas de gasolina. A crise tá foda! Tivemos que subir no negócio de trocar óleo, tamanho era o estrago na saia. O detalhe é que eu não tinha a menor ideia de quanto o cara poderia cobrar pelo conserto e não tinha dinheiro pra pagar, ôe! Depois de uns quinze minutos ouvindo barulhos estranhos, o gentil frentista nos baixou do troço de trocar óleo e explicou que tinha dado uma enjambrada (mais uma!) mas que a peça estava destroçada e que eu deveria procurar uma oficina logo. Sem saber ainda como iria pagar, agradeci imensamente e perguntei quanto lhe devia. 'Nada', o homem falou. Definitivamente, tenho mais sorte que juízo (e no momento, que dinheiro).

sábado, 4 de setembro de 2010

A primeira a gente nunca esquece

A primeira passeata do superação foi foda! Nos dois sentidos. Foi foda de bom pq a foi uma galera muito guerreira. Porque foi lindo invadir o brique apitando e tocando as cadeiras. Foi foda de ruim, porque aconteceram algumas merdas. Tipo, até o carrinho do churros explodiu. Parecia um filme, as pessoas voando, gritaria, queimados, ambulância, bombeiros e carro de polícia. Pobre das crianças, nunca mais vão encarar o petisco com mu-mu. Outra coisa foda, foram contratempos da produção. Acabei não preparando o mestre de cerimônia que soltou algumas pérolas. Tipo, aos berros, "TODO MUNDO TIRA O PÉ DO CHÃO!" E os cadeirantes só se olham. Outra, "TODO MUNDO NA PALMA DA MÃO!" E, os amputados de membros inferiores e tetraplégicos no vácuo. Só faltou gritar "quem tem mão, bate palma!"
Ai, tem que rir pra não chorar. Mas, a melhor foi sem dúvida ele chamando presidente do movimento superação (que se chama Billy): "Agora, vamos passar a palavra pro BIGGY!"
Hahahaha. Quase chorei.
Tirando a parte tragicômica, foi foda que uma das bandas (justamente a da minha amigona Pi) acabou não tocando por causa da confusão na produçã. Foda.
Entre mortos e quebrados, todos sobreviveram e foi linda a chegada ao Monumento ao Expedicionário. Ano que vem tem mais. E prometemos melhorar. Né, Biggy?





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