quarta-feira, 31 de março de 2010

É fazendo merda que se aduba a vida

Já dizia um sábio chinês. Esses dias estava gravando uma entrevista na rádio, falando com um albino do interior de São Paulo, quando minhas pernas começaram a abrir, ou seja, banheiro. Não dava pra parar a conversa e tive que usar todo o meu poder de concentração pra não soltar uma bufa que vazasse no áudio. Foi foda!
Bueno, estou a menos de uma semana da primeira sessão de autógrafos do livro, tá foda a ansiedade. E, confesso que também tô com um medinho. Sei lá, incertezas, sabe? Será que vai vender? Será que a crítica vai ser positiva? Será que vai dar tudo certo? Friozinho na barriga mesmo. É muita expectativa e falta tão pouquinho...
Quase famosa, na beirola do glamour, a comédia da vida aleijada sempre me faz manter os pés, ou melhor, as rodas, no chão.
Ontem, por exemplo, fui fazer um cate para depois ir pro salão me arrumar pra gravar quando uma súbita cólica quase me derruba da cadeira e provoca uma exoneração intestinal (essa ouvi de um colega e achei ótima!) inenarrável. Saltei pro vaso que era mais baixo que a cadeira e vi que tinha dado merda mesmo. O foda é que eu não conseguia voltar pra cadeira e ainda estava no mar marrom. Bueno, chamei a equipe de resgate: minha irmã e uma amigona do trabalho. Elas não conseguiam abrir a porta por fora, o boato da aleijada cagada presa no banheiro se espalhava pelos corredores. Num ato desesperado e altruísta, minha amiga tentou entrar por baixo da porta. Cena impagável, vi umas pernas entrando, quadril e pá, trancou na barriga. Ela teve que recuar. Foram vários minutos até alguém achar uma chave de fenda e conseguir abrir a bendita porta. Aí, veio o trabalho sujo, que é melhor nem narrar. Gastei todos meus lenços umedecidos e quase destruí o bulbo olfativo das duas. Agora me diz, é ou não é comédia?!

Pra rir mais da desgraça alheia, aí vai a maratona de lançamento do livro, ôe! Please, ajudem a divulgar!

quinta-feira, 18 de março de 2010

No Prelo!



É muuuuuuuita alegria!

sexta-feira, 12 de março de 2010

A cara do livro

Bah, é com muuuita alegria que coloco aqui a capa do livro. Enfim, o livro. Quem acompanha minha história a bastante tempo sabe o quando eu esperei pra esse projeto se concretizar. Caralho, já tá na gráfica. Falta menos de um mês pra eu pegar uma porra dum exemplar cás mão! Mais essa conquista só reforça a minha crença de que tudo, tudo mesmo, é possível. E, a minha maior esperança, que é voltar a andar vai acontecer. Hoje, dei uma entrevista pra ZH, deve sair no caderno vida nos próximos dias, e no bate papo com o repórter falei algo que realmente acredito. Mesmo depois que eu volte a caminhar vou continuar na peleia pela inclusão. Como diz um amigo, 'o bichinho da inclusão me mordeu, e não tem mais volta'. E vai ser massa essa história de livro bombando, de ficar conhecida, porque isso vai me dar mais força e visibilidade pra brigar pela causa.
Agora, finalmente, a cara do livro:



Release, básico:
Aos dezenove anos, uma doença colocou uma cadeira de rodas no caminho de Juliana Carvalho. Sem esconder os momentos dolorosos e a vontade de desistir, este relato autobiográfico extrai humor e esperança de situações difíceis e expõe a mistura de tragédia e comédia que caracterizam a sua – e a nossa – complexa condição humana.
Na minha cadeira ou na tua? percorre questões fundamentais do cotidiano dos cadeirantes, com informações sobre inclusão, acessibilidade e lutas por enfrentar, e intercala narrativas sobre a vida da autora antes e depois da lesão medular. Antes dela, Juliana relembra pensamentos, brincadeiras e a relação ingênua com a família durante a infância e fala sobre a descoberta do amor e do sexo, as festas, a rebeldia e as bebedeiras durante a adolescência. Já adulta, após a grande virada, a readaptação, a convivência com os novos limites, a superação e a percepção de que uma cadeira não modifica o fundamental: o que o ser humano é além do próprio corpo.
Um dos méritos do livro é o bom humor, mas Juliana sobe o tom quando, no último capítulo, se refere à condição de cadeirante na sociedade de hoje: “Podemos ter uma legislação pródiga, mas, na prática, estamos muito aquém do que está no papel. Muito aquém”. E segue exemplificando: “No meu trabalho, o que não é adaptado, batalho pra ser. Tenho autonomia e um grande prazer em tocar o ‘Faça a Diferença’, programa exibido na TV Assembleia do Rio Grande do Sul, que aborda temas ligados à inclusão, ao respeito à diversidade e à promoção dos direitos humanos”.

Trecho do capítulo “Pernas pra que te quero”
“Já falei que os internos não usam roupas íntimas. Passei umas duas semanas sem sutiã. Um crime contra os peitos. Pontos pra gravidade. Uma noite dessas, quero ir passear no “quinto dos internos”, e vou pegar autorização com as enfermeiras. Uma delas soltou essa:
– Vai passar um batom, guria! E colocar um sutiã.
– Mas, não pode usar... - falei.
– Eu acho um absurdo isso! Como você é boba, pega escondido.
Passo a noite pensando a respeito do sutiã. Acordo, e vejo na minha grade de atividades que tem basquete. Deus! Jogar basquete sem sutiã! E se confundirem as bolas? Percebo que é o dia certo para pegar meu sutiã no guarda-valores. Vou lá. Peço pra dar uma olhada nas minhas coisas. Está tudo lacrado.



- Quer tirar o lacre? - pergunta solícito o funcionário.
Digo um não miúdo e saio com ar de derrota. Mas o que eu estou fazendo? Sutiãs são ilegais aqui dentro. E se me pegarem? E se me expulsarem? E o basquete? Mira que dilema estoy viviendo. Percebo que estou sem chiquinhas, e lembro que as que eu tinha estão no guarda-valores. Yeah! Lá fui eu de novo.
- Moço, eu queria pegar umas chiquinhas (e meu sutiã, é óbvio).
- Tiro o lacre?
- Aham...
Pego o sutiã e enfio embaixo do pijama, me sentindo supertransgressora.”

A autora
Juliana Carvalho nasceu em 1981, em Porto Alegre, e é publicitária. Cadeirante desde os 19 anos, quando teve uma inflamação na medula, é atuante no movimento das pessoas com deficiência. Apresenta o programa “Faça a Diferença”, que promove os direitos humanos e o respeito à diversidade, exibido na TV Assembleia do Rio Grande do Sul. Mantém os blogs “Comédias da Vida Aleijada” (comediasdavidaaleijada.blogspot.com) e “Sem Barreiras” (www.zerohora.com.br/sembarreiras), este do Grupo RBS, que aborda questões sobre acessibilidade e inclusão. Dirigiu o curta-metragem “O que os olhos não veem, as pernas não sentem”, premiado pelo Júri Popular do Festival Claro Curtas de Cinema. Na minha cadeira ou na tua? é seu primeiro livro.

Na minha cadeira ou na tua?
Editora Terceiro Nome
14 x 21 cm, 248 páginas
Preço: 34,00

quarta-feira, 10 de março de 2010

Matéria no Jornal do Almoço

Ficou massa! Eeeee! O livro ainda nem saiu e já é assunto, vai bombar!

quinta-feira, 4 de março de 2010

Novelinha e o Exu da intolerância

Tchurma, confesso que não tenho conseguido escrever por aqui tanto quanto gostaria. Mas, é essa vida louca de cadeirante engajada na causa que vive sempre como se estivesse lomba abaixo. Uhu! Em alta velocidade.

Bueno, mesmo correndo contra o tempo, tem um assunto que está entalado na garganta faz alguns dias. Eu particularmente estou muito feliz com a novela das oito mostrando tantas fatos e projetos relacionados ao mundinho dos quebrados. Mas, tem uma pulga atrás da orelha que não para de coçar. E depois que a novela acabar? Depois que o assunto esmorecer? Mesmo com toda a visibilidade que só uma novela das oito consegue dar para um tema no Brasil, ainda temos inúmeros problemas que são corriqueiros, diários. Exemplo clássico, tenta ir pra balada, as opções de casas noturnas com acessibilidade são pouquíssimas. Cardápio em braile? Não fui restaurante até agora que oferecesse. Cinema? Fica no gargarejo e sofre mais tarde com torcicolo. Fora o lazer, vamos para questões mais fundamentais ainda. Necessidades fisiológicas básicas, por exemplo. Cada xixi vai uma sonda certo? Conheço gente que por falta de recursos financeiros usa o mesmo cateter um mês! Cadeira de rodas que preste custa uma fortuna. Essa semana mesmo, a Mia e a Luciana estavam lendo um comentário que foi postado no blog da Lu e que falava justamente sobre como a evolução e qualidade de vida da personagem se devia também aos recursos financeiros de sua família que pode lhe dar tudo do bom e do melhor. A nossa realidade é completamente diferente. Quanta gente está com articulações encurtadas e músculos atrofiados porque não tem acesso a fisioterapia?

Me preocupa que o assunto vá para a gaveta e a realidade das pessoas com deficiência no Brasil sofra um retrocesso. Outra questão televisiva que me incomoda é essa adoração pelo Dourado. Fala sério! Ele pode ser gostoso e ter seu valor (afinal, quem não tem?) mas é um absurdo que uma emissora de TV exiba no programa com maior audiência do país os ideais do cara! Um retardado que tem suástica no braço, é preconceituoso, mal informado e ainda prega violência contra a mulher. Pelo amor de Deus, olha a luta que existe contra violência doméstica, Lei Maria da Penha, olha a luta do movimento LGBT para criminalizar a homofobia, olha o que passaram os judeus. E milhares de brasileiros acham o cara o máximo, uma pessoa que é o exu da intolerância, mobiliza uma multidão... Me revolta pensar que tanta audiência pro infeliz (que ainda por cima, pra nos difamar, é gaúcho) pode ser reflexo do que é nossa sociedade.

terça-feira, 2 de março de 2010

Juju no programa Personalidades

A espera de alguns milagres


Gentém, texto do livro pronto, hoje tirei fotos para capa! Ficaram shoooow! Se Deus quiser, eu tiver muita sorte e der tudo certo, gravo um depoimento pro final da novela, ôe! Vou fazer uma maratona para noite de autógrafos em SP, Rio, POA, Brasília e Belo Horizonte, uai! Dai, quando estiver no Rio pode ser que role o bendito depô. Tô torcendo!

Outro milagre que tô esperando é uma resposta para uma proposta de patrocínio pro livro. Entrei em contato com o marketing da Volkswagen, perguntar não ofende, né?
No mais, trabalhando feito doida no programa e sonhando em ter nas mãos de uma vez um exemplar da história de uma guria que com 19 anos viu seu mundo virar de pernas pro ar. "Na minha cadeira ou na tua?" tem tudo que o povo gosta: tragédia, humor e esperaça. Espero que venda muuuito pra eu ter um iate adaptado no Rio onde vou dar festas pros amigos!